quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Professores que apóiam Rosinha?

A propaganda eleitoral de hoje foi, no mínimo, curiosa.
Professores que exerceram cargos de confiança (secretaria de educação, direção de escola) durante a administração estadual de Rosinha, que reprimiram greves e todas as tentativas de mobilização do movimento de educadores da rede estadual no município, deram hoje seus depoimentos sobre o que seria a melhor opção para a educação em Campos.
Este governo estadual foi um dos que mais desestruturou a organização sindical dos profissionais de educação nos últimos anos, reprimindo violentamente manifestações pacíficas, prendendo lideranças sindicais e suspendendo licenças. A luta dos educadores pela recomposição salarial, pela convocação de professores concursados, pelas eleições diretas para diretores de escolas e pelo retorno da grade de 30 tempos semanais, foi desmontada por uma rede de diretores de escola e coordenadores a serviço do governo e contra os professores. Portanto, estas declarações de apoio não representam a classe de educadores, mas sim os interesses pessoais daqueles que ocupam tais cargos.
Também prestaram depoimento professores da rede privada, do ensino superior, que não trazem em suas biografias relações com o movimento que luta por uma educação pública e gratuita, de qualidade. Provavelmente foram convidados a dar seus depoimentos por exercerem junto aos jovens de classe média alguma influência, devido ao seu carisma e a inegável competência profissional.
No entanto, o que está em questão é a nossa combalida rede municipal de educação, cuja responsabilidade e prioridade são a educação infantil, primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental, e não essa história que os candidatos anunciam aí, de ensino técnico profissionalizante, que são atribuições das esferas estadual e federal, e desempenhadas aqui no município pelo IFET, FAETEC, SENAI, SENAC, etc....
Nossa escola municipal está abandonada, os professores não têm as mínimas condições de trabalho, são coagidos com a possibilidade da transferência para longe de seus domicílios, enquanto muitos profissionais assumem cargos de confiança e nunca freqüentaram a sala de aula. Os prédios possuem instalações precárias, faltam recursos pedagógicos como biblioteca, laboratórios de ciências e de informática, xerox para produção de material, etc.
A educação estadual até possui estrutura física superior a do município, no entanto, o professor, além do assédio político, sofre com a truculência do governo e com o baixo salário, que é menos da metade do magistério municipal. Um acinte.

Portanto, seja qual for o resultado das eleições, não será positivo para o campo da educação, como vislumbram os professores "sociólogos(?)" que não formam (e talvez até se neguem a formar) a classe dos profissionais da educação em questão, e aqueles detentores dos cargos de confiança que apoiaram a destruição da luta da classe de educadores por uma educação pública de qualidade.

Professores que apóiam Rosinha? Há que se desconfiar.


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Feliz "dias" dos professores!

Em 15 de outubro de 1827, no recém criado Estado brasileiro, foi decretado pelo Imperador Pedro I o Ensino Elementar, em todas as vilas e cidades do Brasil. Em 1847 tivemos a primeira comemoração do dia do professor em São Paulo, por iniciativa do professor Salomão Becker. Porém, um decreto federal de 1963 transformou a data em feriado nacional, para que o dia fosse comemorado "condignamente".
Porém, em épocas de flexibilização liberal, o feriado tornou-se móvel este ano. Um acordo feito com o sindicado dos professores fez com que o feriado fosse antecipado para a segunda-feira (13/10) neste ano, o que não foi seguido por todas as escolas. Resultado: não pude comemorar, visto que onde trabalho na segunda o feriado foi hoje, quarta; e onde trabalhei hoje, o feriado foi na segunda.
De qualquer forma, parabéns aos professores.

sábado, 11 de outubro de 2008

Lei de Anistia: Justiça declara Ustra torturador

Finalmente o Cel. Ustra, ex diretor do DOI CODI foi declarado torturador pela justiça. Precisamos lutar pela reformulação da lei da Anistia

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mestrado e doutorado na UENF

O Programa de Pós-graduação em Sociologia Política disponibilizará neste endereço, à partir do dia 10/10/2008, o edital de seleção para o mestrado e o doutorado 2009.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"O passado já ficou pra trás"(?)

Assim diz o jingle da candidatura do PMDB à prefeitura de Campos dos Goytacazes. E é também idéia recorrente nos discursos de outras candidaturas no município. Não acredito que seja apenas uma questão semântica, para a rima da campanha... na verdade, essa idéia de descrédito em relação ao passado soa bastante providencial às principais candidaturas.
Ouço muito os jovens reclamarem da frustração de ter que utilizar seu primeiro voto nesse processo eleitoral tão desestimulante. Eles revelam o interesse em votar de verdade, num candidato que os representasse. No entanto, não encontram alternativa.
Essa idéia de que o passado ficou pra trás cria, ao mesmo tempo, uma impressão de que as coisas surgem "do nada", que um candidato é aquele que roubou demais, e o outro também pode roubar, mas roubará menos. Que um construiu isso e o outro aquilo. E assim, a discussão vai rumando para um ponto finito, excluindo qualquer outra possibilidade. Nessa matemática simples, quem nunca exerceu um mandato público, de preferência no executivo, não está "preparado". Talvez em outra ocasião possamos pensar um pouco sobre o significado dessa "preparação".
No entanto, o passado não "ficou" pra trás. Ele "está" lá atrás, e seus reflexos aqui conosco. Ele precisa ser revisitado. Porém, esse exercício é perigoso, pelo menos parece ser a preocupação da maioria dos candidatos. Quem quer deixar o passado pra trás quer tirar a capacidade crítica do cidadão, quer a visão momentânea, instantânea. Temo muito pelos desastres que podem ocorrer em nossa cidade nos próximos anos em relação a educação.
O salário do professor no magistério público estadual é de apenas R$ 540,65 (embora alguns achem que é muito, como já mostrei aqui no blog), enquanto que no Acre, é de R$ 1.498,00, um Estado cujo o PIB em 2005 foi de R$ 44,8 bilhões, contra R$ 246,9 bilhões do Rio de Janeiro (IBGE). Comparando-se o PIB do estado e o salário do professor nesses dois casos, vemos que os investimentos em educação são vergonhosos por aqui.
Já o professor da rede municipal em Campos recebe aproximadamente o dobro, porém, as condições de trabalho são péssimas. São comuns as reclamações sobre falta de recursos nas escolas do município: não há biblioteca, xerox (os professores têm que pagar do próprio bolso as cópias), nem matriz pra mimeógrafo, a condição dos prédios é precária, enquanto na rede estadual, pelo menos as escolas que conheço, possuem bons acervos em suas bibliotecas (tanto para os alunos quanto para os professores), recursos multi-mídia, laboratórios de informática, etc. Será que não daria pra associar as duas coisas? É tenebroso o futuro que vislumbro daqui.


(clique na imagem abaixo para ampliar)